sábado, 2 de maio de 2009

EDITORIAL

Região dos Lagos, 478.811 habitantes. Praia de Saquarema: cartão postal do Rio de Janeiro, um dos lugares mais lindos para se viver. Um dos piores lugares para se morrer...
2.004,003 km² de extensão cobrem a Região dos Lagos. Dois IMLs, atendem a toda essa população, tanto pessoas carentes, como turistas, porque no final, meus amigos, somos todos iguais.
A cidade de Saquarema não conta com nenhum rabecão para atender à sua população e, infelizmente, nós só descobrimos este descaso dos nossos governantes, quando o pior aconteceu conosco.
Foi só aí que eu descobri, quando vi a melhor pessoa que eu conheci e, para muitos que tiveram o privilégio de conhecê-lo, uma das pessoas mais agradáveis de se conviver virar mais uma vítima deste descaso.
Acrescido a este cenário, ainda podemos colocar mais um personagem, um motorista irresponsável, bêbado ou que, simplesmente, foi covarde o suficiente para não socorrê-lo.
E para que o teatro fique completo, temos uma população, que para se defender dos excessos de velocidade, coloca, a bel-prazer, “quebra-molas” de forma aleatória e sem critério, porque o município não demonstra interesse em colocá-los.
Precisa de mais alguma coisa? Sim, falta citar as “pessoas”, se é que se pode chamá-las assim, estas que roubam um recém-falecido. Roubaram um anel e uma pulseira que pouco vale para quem levou, mas que vale uma fortuna para os filhos que gostariam de tê-los como mais uma recordação do pai. Como complemento de todo este teatro, a perícia não foi feita no local.
Fatalidade? Descaso? Conjunto de fatalidades e de descasos que em um segundo viram desgraça e levam a vida de pessoas que a têm por direito.
Fatalidade que levou o meu amor, meu companheiro de 24 anos de convívio, meu amigo, minha alegria e pai de meus filhos. Descaso com a vida que deixou duas crianças sem pai... Um homem jovem, cheio de sonhos e que, enquanto esteve por aqui, só fez amigos e proporcionou alegria às pessoas que o cercaram.
Bom filho, bom marido, bom pai, bom amigo... Enfim, um ser humano de luz, com um espírito esclarecido, com uma vontade educada para o bem e que só cultivou o afeto, a amizade, a alegria e o amor verdadeiro, desinteressado e puro.
Até um dia, meu amor.

Soraia Magalhães

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